Senadora sul-mato-grossense protocolou pedido formal à Comissão Europeia para investigar supermercados ses por boicote à carne do Mercosul; ação pode resultar em multas e retratação pública
Em uma demonstração de força do agronegócio brasileiro, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) desembarcou em Bruxelas nesta terça-feira (27) com uma missão clara: fazer com que grandes redes varejistas sas respondam por declarações contra a carne produzida no Brasil e no Mercosul. Acompanhada de representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a parlamentar protocolou um pedido formal de investigação contra o Carrefour e outras três grandes redes de supermercados sas.
“Nós viemos protocolar esse pedido de investigação sobre as quatro empresas sas que difamaram a carne brasileira. Quem falar mal da nossa carne vai responder por isso”, declarou a senadora em vídeo gravado em frente ao prédio da Comissão Europeia, demonstrando a seriedade com que o setor produtivo brasileiro está tratando o caso.
O episódio teve início em novembro de 2024, quando o presidente mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciou publicamente que a rede não compraria carne proveniente do Mercosul. Na mesma época, outras três grandes varejistas sas – Les Mousquetaires, E. Leclerc e Coopérative U – fizeram declarações semelhantes, num aparente movimento coordenado que, segundo a CNA, pode configurar prática anticompetitiva.
Impacto direto para MS
Para Mato Grosso do Sul, um dos principais estados produtores de carne bovina do país, o boicote representa uma ameaça direta à economia local. O presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, que acompanhou a senadora na missão europeia, destacou a importância da iniciativa.
“Não aceitamos mais episódios como o que ocorreu com o Carrefour e outras redes varejistas. Então, viemos protocolar na Comissão Europeia a nossa reclamação contra esses ataques à sanidade da carne brasileira”, afirmou Bertoni, ressaltando o impacto que tais declarações podem ter sobre os produtores sul-mato-grossenses.
O documento protocolado solicita que a Comissão Europeia investigue como as manifestações dos varejistas ses, que juntos controlam 75% do mercado na França, podem ter afetado o mercado de exportação brasileiro e de outros países do Mercosul. A petição destaca que as declarações levantaram desconfiança injustificada sobre a qualidade e segurança da carne brasileira, apesar de todos os produtos exportados para a União Europeia cumprirem rigorosamente as exigências sanitárias do bloco.
Pedido de multa e retratação
A CNA solicita não apenas a abertura de uma “investigação formal”, mas também o fim imediato dos boicotes, uma retratação pública das alegações feitas contra os produtos do Mercosul e a aplicação de multa proporcional à infração cometida.
“A CNA tem preocupações legítimas de que essas ações coordenadas dos varejistas ses para exclusão dos fornecedores do Brasil e do Mercosul violem as regras de concorrência da União Europeia”, afirma o documento.
O vice-presidente de Relações Internacionais da CNA, Gedeão Pereira, que também participou da comitiva, mostrou-se confiante: “Estamos na expectativa de que a Comissão, dentro dos regulamentos comerciais que regem o mercado europeu, tome as medidas cabíveis”.
Histórico de tensão
Esta não é a primeira vez que o setor agropecuário brasileiro reage às declarações do Carrefour. Logo após o anúncio do boicote em novembro ado, grandes frigoríficos como JBS e Masterboi chegaram a suspender o fornecimento de carne para a rede, que também controla o Atacadão no Brasil.
A pressão surtiu efeito, e dias depois, por intermediação do Ministério da Agricultura e Pecuária, o presidente mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, assinou uma carta de retratação na qual reconhecia a alta qualidade da carne brasileira e itia que suas declarações poderiam ter sido mal interpretadas.
Para Tereza Cristina, que já foi ministra da Agricultura e hoje é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a ação em Bruxelas representa um o além na defesa dos interesses do agronegócio brasileiro e, particularmente, sul-mato-grossense no cenário internacional.